Por que avançar o aluno sem que ele aprenda pode ser um erro grave para sua vida e para o futuro do país?
Durante décadas, o Brasil vem enfrentando uma crise silenciosa, porém devastadora, no campo da educação: a aprovação automática, também chamada de “progressão continuada”. Trata-se de uma política que, na prática, empurra o aluno para a série seguinte mesmo que ele não tenha aprendido o conteúdo mínimo exigido. À primeira vista, pode parecer uma forma moderna e inclusiva de conduzir o ensino. No entanto, os efeitos colaterais dessa prática são alarmantes — e colocam em risco não só o futuro dos alunos, mas a formação da nossa sociedade.
O que é a aprovação automática?
Aprovado mesmo com notas baixas, sem ter desenvolvido as competências necessárias para avançar. Essa é a realidade de milhões de estudantes brasileiros, especialmente nas escolas públicas. A aprovação automática, defendida por algumas correntes pedagógicas progressistas, tem como base a ideia de que a reprovação causa traumas e desmotiva o aluno. No entanto, ao eliminar a reprovação, o sistema também elimina a responsabilidade pelo aprendizado.
Os efeitos devastadores da progressão continuada
- Alunos que não aprendem, mas seguem em frente
O primeiro e mais grave problema é o óbvio: o aluno avança sem aprender. Ao chegar ao fim do Ensino Fundamental ou Médio, ele acumula lacunas gigantescas em português, matemática, ciências, história e outras áreas. Resultado? Jovens saem da escola sem saber interpretar um texto ou fazer operações básicas de matemática. - Desvalorização do esforço
Quando todos são aprovados, independentemente do desempenho, o esforço perde o valor. O aluno que estuda, se esforça e tenta melhorar se vê no mesmo patamar daquele que não faz nada. Isso mina a motivação, promove a indisciplina e gera um ambiente de desinteresse. - Desrespeito com o professor e a autoridade escolar
Se o aluno sabe que será aprovado de qualquer forma, ele não respeita o professor como autoridade que ensina e avalia. O professor perde o poder de cobrar, de exigir, de motivar. E sem respeito à autoridade, não há aprendizado sério. - Prejuízo para a sociedade e o mercado de trabalho
Uma geração mal formada compromete o futuro da sociedade. Jovens despreparados chegam ao mercado sem as habilidades mínimas, o que eleva o desemprego, reduz a produtividade e aumenta a desigualdade.
Educação exige responsabilidade, esforço e cobrança
A educação verdadeira não se constrói com atalhos, tapinhas nas costas ou ilusões pedagógicas. A responsabilidade pelo aprendizado deve ser compartilhada entre o aluno, a família, o professor e o sistema escolar. Quando o aluno entende que há consequências por não aprender, ele se dedica mais. Quando os pais sabem que seus filhos podem repetir o ano, eles se envolvem mais. E quando o professor tem respaldo institucional para reprovar quando necessário, ele cobra mais.
A reprovação não deve ser regra, mas precisa existir como um instrumento de correção de rota, de ajuste de aprendizado, de chamada à responsabilidade. Reprovar não é castigar. É dar uma nova chance com mais apoio para que o aluno aprenda de fato.
A solução: avaliação realista, ensino de qualidade e acompanhamento
O caminho para resolver o problema não é manter a aprovação automática. O caminho é ensinar melhor, acompanhar de perto e cobrar com justiça. Eis algumas propostas práticas:
- Apoio pedagógico individualizado para alunos com dificuldades;
- Avaliações rigorosas e contínuas, que detectem falhas reais;
- Recuperação paralela, com reforço durante o ano letivo;
- Parceria com a família, para que os pais sejam corresponsáveis pelo progresso dos filhos;
- Valorização do professor, com autonomia e respaldo para avaliar com seriedade.
Conclusão: é hora de resgatar a verdade na educação
O Brasil precisa abandonar a ilusão de que “todo mundo passa” é um sinal de inclusão. A verdadeira inclusão vem quando todos têm a oportunidade de aprender de verdade, com dignidade, esforço e mérito. Chega de empurrar alunos para frente sem preparo. A educação exige verdade. E a verdade é que sem cobrança, não há aprendizado.
Vamos defender uma escola que respeita o aluno — e por isso mesmo, não aceita que ele passe sem aprender.